Banqueiros e fundos de investimentos estão buscando retornos estáveis na agricultura
Em meio a um mercado instável, banqueiros e fundos de investimentos internacionais buscam retornos no setor agrícola, na popularmente chamada “classe de ativos não correlacionados”, como, por exemplo, terras próprias para agricultura e carteiras de empréstimos operacionais. O preço dessas terras permanece com tendência de alta, o que faz com que se tornem atraente investimento.
Para se ter ideia, no ano de 2022, o preço médio das terras agrícolas nos Estados Unidos subiu 14%. Lá, o preço médio de um acre agrícola, equivalente a 0,4 hectare por aqui, aumentou 22,4% no Estado de Iowa e 25,2% no de Kansas, por exemplo. Como a inadimplência chegou ao ápice desde 2010 nos Estados Unidos nos pagamentos de empréstimos, a demanda por hipotecas caiu ao menor nível em 28 anos. Também, os depósitos seguem a mesma tendência. Atualmente, os bancos norte-americanos enfrentam mais barreiras à lucratividade do que nunca.
Mesmo com a incerteza em relação à agricultura, já que depende de clima, preços mundiais de commodities, doenças como pragas, colheitas, além de custos para produção, as terras agrícolas ultrapassaram o cenário contrário à inflação para obter retornos estáveis. Junto com a conversão de terras agrícolas em desenvolvimento urbano e residencial, essa resiliência, a torna uma proposta atraente para os investidores.
Segundo o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), dos 3,4 milhões de agricultores norte-americanos, um terço tem acima de 65 anos. Esse contingente gera oportunidade importante para as instituições bancárias capturarem essa transferência de riqueza entre gerações de agricultores e apoiar a próxima geração, que deverá requerer empréstimos e capital para estabelecer suas próprias operações, ou mesmo continuar as que foram herdadas.
Entretanto, mesmo as terras agrícolas como investimento sendo atrativas, avaliar seu valor justo de mercado é um desafio para a maior parte dos bancos credores. Empréstimos agrícolas requerem informações específicas da terra, como culturas, rendimento, percepções do mercado de grãos e proporção de terras próprias em relação às arrendadas, por exemplo. Além disso, essas instituições também devem avaliar o risco de perigo do local, ou a possibilidade de ser impactado por fenômenos naturais, tais como eventos climáticos, secas, chuvas de granizo, entre outros.
Além disso, as condições do solo e a composição química da terra são fundamentais, porque podem impactar diretamente na produção e, consequentemente, na lucratividade. Essas instituições credoras devem, portanto, levar em consideração essas métricas em suas análises, o que inclui o acúmulo de carbono no solo, que tem como base a relação entre entradas da vegetação e saídas da decomposição ou perturbação. Com tudo isso, empréstimos agrícolas apresentam futuro promissor aos bancos.